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Foto e biografia:  https://usp.br/portaldocordel

 

 

IVANILDO VILA NOVA

( Pernambuco – Brasil )

 

 

Nascido em Caruaru (PE), em 13 de outubro de 1945, Ivanildo Vila Nova cresceu acompanhando seu pai, o famoso cantador José Faustino Vila Nova, pelas noitadas de cantorias. Com a ascensão de Ivanildo e dos cantadores de sua geração (Geraldo Amâncio, Moacir Laurentino, Sebastião Dias, Severino Ferreira e Sebastião da Silva, entre outros), o trabalho dessa geração saiu do sertão para a cidade, saiu do Nordeste para outras regiões, chegando até a outros países.

 

Pelo vaqueiro que vaga
Por Pinto e sua viola
Por Zumbi, o Quilombola
Conselheiro e sua saga
Pelo baião de Gonzaga
E a luta de Virgolino
O barro de Vitalino
Pelo menino de engenho
Por isso tudo é que tenho
(Orgulho de ser nordestino)

 

Ivanildo Vilanova

 

***

 

NORDESTE INDEPENDENTE
(Ivanildo Vilanova e Braulio Tavares)



Já que existe no Sul este conceito
que o Nordeste é ruim, seco e ingrato,
já que existe a separação de
fato
é preciso torná-la de direito.
Quando um dia qualquer isso fôr feito
todos dois vão lucrar imensamente
começando uma vida diferente
da que a gente até hoje tem vivido:
imagine o Brasil ser dividido
e o Nordeste ficar independente.

Dividindo a partir de Salvador
o Nordeste seria outro país:
vigoroso, leal, rico e feliz,
sem dever a ninguém no exterior.
Jangadeiro seria o senador
o cassaco de roça era o suplente
cantador de viola o presidente
e o vaqueiro era o líder do partido.
Imagine o Brasil ser dividido
e o Nordeste ficar independente.

Em Recife o distrito industrial
o idioma ia ser "nordestinense"
a bandeira de renda cearense
"Asa Branca" era o hino nacional
o folheto era o símbolo oficial
a moeda, o tostão de antigamente
Conselheiro seria o Inconfidente
Lampião o herói inesquecido:
imagine o Brasil ser dividido
e o Nordeste ficar independente.

O Brasil ia ter de importar
do Nordeste algodão, cana, caju,
carnaúba, laranja, babaçu,
abacaxi e o sal de cozinhar.
O arroz e o agave do lugar
a cebola, o petróleo, o aguardente;
o Nordeste é auto-suficiente
nosso lucro seria garantido
imagine o Brasil ser dividido
e o Nordeste ficar independente.

Se isso aí se tornar realidade
e alguém do Brasil nos visitar
neste nosso país vai encontrar
confiança, respeito e amizade
tem o pão repartido na metade
tem o prato na mesa, a cama quente:
brasileiro será irmão da gente
venha cá, que será bem recebido...
imagine o Brasil ser dividido
e o Nordeste ficar independente.

Eu não quero com isso que vocês
imaginem que eu tento ser grosseiro
pois se lembrem que o povo brasileiro
é amigo do povo português.
Se um dia a separação se fêz
todos dois se respeitam no presente
se isso aí já deu certo antigamente
nesse exemplo concreto e conhecido,
imagine o Brasil ser dividido
e o Nordeste ficar independente.

 

 

 

                     Zumbi (1927) por Antônio Parreiras

 

MOTE EM DECASSÍLABO


Só com ouro Zumbi O Quilombola
pode o negro alcançar a liberdade

Rebouças e José do Patrocínio
Tobias Barreto, Cruz e Souza
Todos eles deixaram antes da lousa
Versos, prosas, discursos e tirocínio
Mas nenhum pelejou contra o domínio
Que o branco implantou sem piedade
Somente o Zumbi serrou a grade
Que prendia os cativos de Angola
Só com outro Zumbi o Quilombola
Pode o negro alcançar a liberdade

O negro Zumbi no seu caminho
Enfrentou quase trinta expedições
Brancos, índios, mulatos com canhões
Perseguindo essa águia no seu ninho
Ferro em brasa, chibata, pelourinho
Já não era cruel realidade
No quilombo existia a irmandade
Sem patrão, capataz e nem argola
Só com outro Zumbi o Quilombola
Pode o negro alcançar a liberdade

Palmares permaneceu indeme
Em Osenga e Guaraiguaçu
Jundia, Subupira e Carapu
Tabocas, Macacos e Aqualtene
Andalaquituadhe, Acotirene
Cafuxi e Curiva ninguém há de
Esquecer tanta força de vontade
De uma raça que escrava ainda rola
Só com outro Zumbi o Quilombola
Pode o negro alcançar a liberdade

Limoeiro, Magano, Salabanga
Canga Zumba, Muissa e Acaiuba
Tapira, Abate, Zanbi, Satuba
Amaro, Barriga e Danbrabanga
Canhoto, Maioio, Camoanga
Escreveram heroísmo de verdade
Contra o saque, ambição, impunidade
Mortecínio, lesão, roubo e degola
Só com outro Zumbi o Quilombola
Pode o negro alcançar a liberdade

Pela grande coragem de Zumbi
Resistiu o quilombo muitos anos
Derrotando os Holandeses, Lusitanos
e os senhores de engenhos conta
Jorge Velho chegou do Piauí
Com homens e armas em quantidade
E os negros em tal disparidade
Sucumbiram aos disparos da pistola
Só com outro Zumbi o Quilombola
Pode o negro alcançar a liberdade

Mesmo após o decreto da Princesa
Há algemas correntes e grilhões
As mucamas, senzalas e porões
E o racismo ofendendo a natureza
Entre brancos e negros com certeza
Nunca houve nem há essa igualdade
Preconceitos ainda é realidade
No emprego, na rua, na escola
Só com outro Zumbi o Quilombola
Pode o negro alcançar a liberdade

Alguém acha que o negro é sem valor
Não merece gozar a vida branca
Ser artista, casar com mulher branca
Ter emprego, ter lar, paz e amor
Deve sempre ter cargo inferior
Ser gari ou chofer de autoridade
Pegar frete e biscate na cidade
Engraxar, bater bombo e jogar bola
Só com outro Zumbi o Quilombola
Pode o negro alcançar a liberdade

Ninguém deve discriminar a fé
O regime, o costume nem a raça
Moçambique, Macau, Rio e Mombaça
Nova Deli, Moscou, Roma e Guiné
São Paulo, Chicago e Daomé
Tudo é parte de nossa humanidade
Carne humana é da mesma qualidade
Africana, Francesa ou Espanhola
Só com outro Zumbi o Quilombola
Pode o negro alcançar a liberdade

Eu vejo tanta beleza
Num pássaro tão pequenino
Vai ao mato catar talo
Abre o bico canto um hino
Penetra as asas e voa
Deus é quem marca o destino

*

VEJA e LEIA outros poetas de PERNAMBUCO em nosso Portal:

http://www.antoniomiranda.com.br/poesia_brasis/pernambuco/pernambuco.html

 

Página publicada em maio de 2022


 

 

 
 
 
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